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Já o disse antes e volto a dizê-lo.
Sinto falta de ter alguém. Sinto falta da cumplicidade fornecida por uma relação a dois. O companheirismo, a companhia... Sinto falta de fazer parte de um casal, de um par. Prefiro números ímpares, mas neste assunto particular, um par parece-me melhor. Sinto falta das brincadeiras, de dizer coisas bonitas ao ouvido, sinto falta de ter alguém com quem partilhar parvoíces do dia a dia, ideias, projectos, cusquices. Sinto falta do beijinho de boa noite e dos planos a dois.
Mas acho que estou um pouco a medo. Porque já sofri e o meu coração já partiu mais vezes do que gostaria. Porque já me iludi e achei que era para sempre quando claramente não era e porque tenho medo de agora ser exigente demais (pelas desilusões do passado) ou exigente de menos (por medo da solidão do futuro).
Mas claramente:
Ontem, em conversa com umas amigas, em plena super saída só para meninas, houve um momento em que o divertimento que estava a sentir foi interrompido momentaneamente. Estávamos a falar de projectos de vida, impossibilidade de sentimentos plenos de independência, vidas, vivências e idade. E esta conversa foi apenas mais um peso a puxar para baixo a depressão que sinto face à temática idade vs vida.
Até há muito pouco tempo, a minha vida estava decidida. Não era perfeita, mas eu trabalhava nesse sentido. Tinha uma vida planeada a dois, uma casa, um projecto de vida. E, de um momento para o outro, o pano caiu e afinal a minha vida decidida e estável viu-se varrida por um vendaval enorme que deixou tudo de pantanas. E, também de um momento para o outro, vi-me sozinha a limpar a confusão deixada.
E se sempre assumi que era madura para a minha idade (a nível de escolhas, de decisões, de um projecto alcançado cedo na vida) e achava isso uma coisa boa, de um momento para o outro, a idade pesa-me, afunda-me, puxa-me para baixo. Nunca antes senti o peso da idade como agora. Porque se antes achava que iniciar uma vida a dois aos 24 anos era o momento certo, ter que começar tudo de novo aos 26 é uma facada maior do que consigo suportar.
Sinto-me desamparada, sinto-me acimentada a este chão, não sei como sair daqui, não sei como me mexer. Perdi tanto tempo, tantos anos com alguém, a trabalhar numa relação que acreditava que era para sempre. E na altura, por mais difícil que fosse por vezes, nunca achei que perda de tempo se tratasse. Mas agora cada vez mais dou por mim a pensar que perdi tempo demais e que agora já vou tarde.
Cada vez tenho menos oportunidades de conhecer alguém. Passar pelas fases de um relacionamento. Decidir se é ou não a pessoa certa para mim. Se não for, voltar à estaca zero. Que idade terei então? Estou com medo, estou assustada de ficar aqui para sempre neste silêncio. Perdi tanto tempo...e esse tempo agora fazia-me falta.
[post dark e down outra vez. mas hoje tenho desculpa. dormi 3h e fui trabalhar]
Eu sou aquele tipo de pessoa que é de ideias fixas.
E com isto quero dizer que quando uma ideia me passa pela cabeça, é como se lá se fixasse. Muitas vezes sei que não são boas ideias (sim, eu consigo ter essa percepção) mas isso muitas vezes não me impede de levar essas ideias a termo. Se a bom termo, se a mau, muitas vezes só quando concretizada a ideia e quando já não há volta a dar é que percebo.
Neste preciso momento, estou com uma ideia fixada na cabeça. Surgiu-me por nenhuma razão em particular e começou a desenvolver-se, a alimentar-se de esperança, de solidão, de dor e está a crescer de forma assustadora na minha mente. Esta ideia sei que é uma MÁ ideia, sei mesmo e estou a tentar ao máximo afastar-me dela. Mas mesmo agora, ao escrever este post, com o objectivo de despejar aqui a frustração e a vontade que sinto em escrever, mesmo assim dou por mim a parar de escrever e a pensar o que vou escrever à pessoa com quem me apetece falar. Mas porque é que esta ideia não me abandona? Porque é que não a consigo afastar? Que raiva...estou a lutar contra ela. Mas está dentro de mim, faz parte de mim, já criou raízes e não se irá embora tão cedo...
Resumindo, apetece-me falar com uma pessoa do passado. Mas sei que não devia. Porque, para começar, sei que essa pessoa não me vai responder ou, pelo menos, não me vai responder da forma que eu gostava. E depois, se não responder, vou-me sentir estúpida por voltar a tentar, por voltar a falar com ele. Quando ele nunca fala comigo, sem ser a responder. (sinto a ideia a abandonar-me, isto está a resultar!) Depois, o que me interessa andar para trás? Aconteceu, aconteceu, parou de acontecer, correu mal. E independentemente da culpa ser minha ou dele, sinto que sempre tentei mais. E não devia ser assim. Sinto-me fraca. Sinto-me desprovida de força, de vida. E não é por o querer de novo na minha vida. É porque era mais fácil voltar a ter alguém conhecido do que ter que conhecer alguém novo. Quão ridículo é isto? Gostava de ser mais forte. Mais decidida. Mas sinto-me sozinha. E a solidão aumenta as sombras e o medo escondido nas mesmas. Tenho medo do ridículo de tentar mas ainda mais do frio que a solidão me traz.
Já decidi. Não vou dizer nada. Não quero quem não me quer a mim.
Hoje estou assim. Nervosa, inquieta, assombrada, triste.
Não sei a razão, mas hoje, já por duas vezes tive um ataque de choro quase inexplicado.
Hoje uma amiga minha falava sobre a onicofagia, isto é, a tendência de roer as unhas e dizia que tal situação pode acontecer por imitação em idades jovens mas que se pode manter na adolescência e vida adulta devido a uma série de situações mas que normalmente ocorrem quando há carência de carinho, atenção e amor, situações de timidez ou vergonha, quando a pessoa sente que se deve auto-mutilar como castigo. Independentemente dos casos, está sempre ligado a distúrbios emocionais.
Desde há uns dias que ando super nervosa e quando tal acontece, nota-se perfeitamente nos meus dedos: unhas roídas e feridas abertas. Desde há uns dias que ando super nervoso, sem saber a razão.
Hoje, os meus pais discutiram. Eu sei que o assunto já acalmou mas há palavras que se dizem e que ficam.
Hoje, houve uma enorme discussão entre o meu grupo de amigos. Sinto que o nosso grupo de amigos ficou ferido, fracturado de algum modo. Duvido que algum dia volte a recuperar, a sarar em condições. Nunca mais vai voltar a ser o mesmo.
Hoje....caem-me lágrimas dos olhos enquanto uma simples frase me percorre a mente vezes sem fim. Uma frase que muitas vezes ouvi numa série que acompanhei há uns tempos, One Tree Hill.
Everybody leaves.
People always leave.
O que é triste não é estar em casa sozinha. Entrar quando ainda está sol lá fora e deixar escurecer depois...
Triste é entrar em casa e encontrá-la vazia, silenciosa, sem niguém.
E fechar a porta por saber que mais ninguém vai entrar.
Hoje estou em dia não. Mais do que nunca me sinto sozinha, mas ao mesmo tempo não quero ver ninguém. Passo o dia ansiosa que ele passe, para poder voltar para casa mas quando aqui chego, sinto um desalento enorme pelo que silêncio que se ouve, pela solidão que acarreta.
Hoje, mais do que nunca, tenho vontade de chorar, por mim, por nós mas mais por mim. Por tudo o que perdi, pela companhia que já não tenho, pelos sorrisos que deixei de dar, pela partilha que se foi, por tudo o que fizemos e o que fomos sempre deixando para depois, para um depois que nunca chegou. Porque o amor é um sentimento egoísta, e quando perdemos alguém, o que mais doi não é a vida a dois que se perdeu, mas o facto de termos que viver as nossas vidas sem essa pessoa. E o sentimento de impotência, de desalento, de "podia ter feito mais/podia ter feito melhor" vem ao de cima, e com esses sentimentos, vem anexada a culpa.
Não me queria sentir culpada mas sei o que o sou. Mas serei mesmo? Porque fui eu que fiquei aqui, enquanto tu desististe e saiste da nossa porta para fora, de armas e bagagens, para fora da nossa vida, da minha vida, do nosso sonho construído a dois. Eu fui corajosa e fiquei. E tu? Que saíste, que disseste que não dava mais, que não havia volta a dar, que não havia nada a fazer, que não vali a pena? Posso ser culpada de muita coisa, mas de desistir não.
E hoje estou em dia não. E hoje, mais do que nunca, sinto-me sozinha.
E hoje, mais do que nunca, estou presa na minha pequena bolha, sozinha.
E hoje, mais do que nunca, tenho medo de nunca mais daqui sair, de nunca mais ninguém entrar.
E hoje, mais do que nunca, sinto que não sei como seguir, como sair daqui, sozinha.
A sociedade actual não está preparada para o individual, mas para o grupo, a família, o casal.
Estás sozinha?
Ainda és solteira?
Para quando um namorado?
De momento, estou de coração partido, a procurar incessantemente todas as pequenas partes em que este se partiu, para que, com paciência divina, pegar em cola especial que as vai colar todas de volta a obter uma peça inteira. Enquanto isso, estou a aprender a, pela primeira vez, viver sozinha, sobreviver aos desafios do dia a dia sozinha, a gostar de estar sozinha, a ficar contente, estando sozinha, para que, um dia possa estar suficientemente forte para deixar o meu coração novamente à mercê dessa coisa que é o amor.