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Nunca fui uma pessoa muito feliz. Sempre fui uma criança preocupada. Preocupada com o meu irmão mais novo, com a escola, com os amigos, com os meus pais, com o problema do meu pai, com a saúde e felicidade da minha mãe. Sempre me preocupei com as aparências, com a socialização. E como tal, sempre demorei muito tempo entre conhecer alguém e me dar a conhecer. Acho que à primeira vista as pessoas não devem simpatizar especialmente comigo. Não sou incrivelmente bonita e adicionando isso à minha maneira de ser reservada e pouco segura, leva a que só gostem de mim aquelas pessoas que realmente ficam o tempo suficiente.
Tenho um grupo de amigos de sempre que pouco ou nada foi alterado. Tenho poucas pessoas da faculdade a quem posso chamar amigos, mas os que tenho são bons. E tinha-o a ele. E finalmente, finalmente, eu era uma pessoa nova. Mais segura de mim, apenas preocupada em sobreviver ao dia-a-dia de uma vida a dois. Feliz. Finalmente, eu era feliz.
E quando tudo isso acabou, aliás, desde que tudo isso acabou, acho que voltei um pouco atrás. Acho que me tornei uma pessoa mais apática, que só espera que os dias passem, que anda na vida como uma sonâmbula sem interesse, objectivo ou propósito. Não tenho nenhuma ambição de futuro profissional neste momento. Não tenho um plano traçado. E não sei como nem se quero sequer sair desde marasmo.
Hoje tive uma óptima notícia. Dois amigos meus, a T e o S, arrendaram uma casa e vão começar a viver juntos no princípio do mês de Setembro. Quando me deram a notícia (fui a primeira amiga a saber), fiquei muito contente por eles mas acho que não o consegui demonstrar convenientemente, porque ao mesmo tempo, fui assolada por uma tristeza incrível. Porque vejo toda a gente a avançar com a vida e eu estou aqui parada, ancorada a um coração partido. E isso vai de encontro ao que referi no outro dia, em como sinto que sou demasiado velha para ter que começar tudo de novo. Neste ponto da minha vida já esperava não ter que passar por isto outra vez. A expectativa, a espera, a ilusão e a desilusão. Não sei se consigo.
E fiquei muito feliz por eles dois, mas fiquei incrivelmente triste por mim. Egocentrismo, mesmo quando acompanhado de uma boa notícia. Que raio de amiga faz isso de mim? Sinceramente só acho que já não consigo ficar tão feliz como antes. Acho que enquanto este nevoeiro de tristeza não se dissipar, não vou conseguir voltar a ser feliz. Nem por mim, e muito menos pelos outros e as suas vidas perfeitas e cor-de-rosa.