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Num dia de manifestação massissa por todo o País, fico orgulhosa do nosso povo. Vejo, finalmente, os portugueses a falar, a aexercer a sua cidadania, a começar de novo, a virar uma nova página, a mostrar opinião, a erguer a sua voz contra o que não concordam. O Estado, no verdadeiro sentido da palavra, não é um grupo de políticos de compõem momentaneamente o governo. É sim, o povo, todos nós. E como tal, o povo sai à rua e falaa, exprime-se, diz que "não", dia "basta", diz "já chega", grita "que se lixe a troika, queremos a nossa vida de volta".
Somos parte da Europa, somos parte integrante desta comunidade europeia e assim sendo, temos que nos fazer ouvir e temos que mostrar que temos voz, que já não somos os cordeirinhos que nos fomos tornando por conformismo, porque não adianta, porque nos dói a barriga ou porque joga o Benfica. Não podemos continuar apenas a nod and wave como até agora, quais pinguins de Madagascar.
E foi hoje que, finalmente os velhos do Restelo deixaram de se queixar apenas nas mesas de café ou em casa, à mesa de jantar, e pegaram em cartolinas e marcadores e escreveram cartazes em que impunham um sonoro e inequívoco "Vão-se f*der"!
E já agora, depois de ver reportagens em directo em vários canais da televisão portuguesa, aproveito para referir a pequenez da nova geração de jornalistas, que fazem de pivôs e jornalistas de reportagem em horários não tão nobres a um sábado à noite, certamente porque não há mais ninguém para o fazer. Não sei se é o ensinamento nas faculdades de jornalismo que está a piorar e a voltar-se para o jornalismo sensionalista, se se trata apenas de jornalistas que fazem parte da geração-eu-vejo-a-tvi-desde-pequenino. Isto porque cada mais se vê com maior frequência, que a notícia mais sensionalista é a mais perseguida. E mesmo que uma notícia seja de conteúdo sério, tal como dizia um psiquiatra que agora me falha o nome que há pouco num painel de comentadores na Sic Notícias dizia "o conteúdo de uma mensagem é óptimo mas se a forma for inapropriada, é tudo para nada". E com isto quero apenas dizer que durante a noite de hoje, vi jornalistazinhos, ao invés de enaltecerem a coragem e a voz de um povo que até agora ouviu e calou, sofreu em silêncio cortes, impostos e austeridade, preferem focalizar toda uma reportagem única e exclusivamente numa minoria que se encontra em frente ao parlamento não para lutar pelos seus direitos, mas simplesmente para lutar. Preferem apontar as câmaras para a minoria que, por detrás da máscara do anonimato, destabiliza e tenta provocar a autoridade, manchando a manifestação pacífica que até aí se fazia sentir. E mesmo sendo a minoria, é na "tensão do ambiente" e no "estão a atirar pedras da calçada à polícia" que estes repórteres escolhem focar.