Quando o assunto "Angelina Jolie" está nas bocas do mundo...

O cancro é uma coisa que me assusta.

Assusta-me por cada vez ser mais frequente. Assusta-me porque aparece sem darmos por ele.

Assusta-me porque tenho convivido muito de perto com ele. Assusta-me porque destrói pessoas e famílias.

Assusta-me porque não há praticamente nada que possamos fazer para o evitar.

Assusta-me porque há cada vez mais probabilidade de o vir a ter.

A minha mãe já teve dois cancros e o meu pai um. Que probabilidade é que isto me dá a mim? Ou aos meus irmãos?

É assustador.

A minha mãe teve cancro da mama antes dos 50 anos. Na altura, procedeu a uma mastectomia total. Teve, mais tarde, cancro nos ovários, provavelmente devido à medicação que tomou como quimioterapia oral na altura do cancro da mama.

Hoje, ao ler a notícia da Angelina Jolie ter feito mastectomia preventiva, voltaram a mim os sentimentos de medo, angústia e apreensão que tive na altura, por saber que o cancro da mama tem características altamente genéticas e hereditárias, sentimentos estes que se agravaram quando, muitos anos mais tarde, resolvi utilizar como tema da minha monografia de final de mestrado precisamente o cancro da mama.

Por volta dessa mesma altura, a mãe de uma das minhas melhores amigas teve também cancro da mama. Visto que tanto a sua avó como a sua tia tinham morrido de cancro da mama e, tendo agora a sua mãe nesta situação, a minha amiga questionou-me acerca de mastectomia preventiva. Para mim, é uma medida corajosa e definitiva. Também não pode ser uma decisão tomada de ânimo leve. Mas também não deve ser evitada de for essa a única saída para se viver uma vida plena, longe da sombra do medo de vir a ter cancro. É que uma mastectomia preventiva previne efectivamente. Reduz para 0% a probabilidade de se vir a ter cancro. Mas é preciso ver que ter o BRCA1 ou BRCA2 (mutação em genes que indicam uma maior probabilidade de desenvolvimento de cancro de mama ou do ovário) não implica a obrigatoriedade de desenvolvimento de cancro. E o contrário também se aplica, isto é, uma pessoa pode desenvolver estes dois tipos de cancro sem ter presente no seu DNA esta mutação.

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