Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Depois do post de ontem, fui à minha estante de livros e voltei a pegar no "Poder, Liberdade e Graça" e estou efectivamente a lê-lo. Já vou a meio (também não é grande, diga-se de passagem).
Percebo os conceitos e concordo com a lógica de alguns, mas acho que sou incapaz de os pôr em prática. Felicidade que não depende de nada? Mente que não avalia, nem julga, nem inquire? Não ser positivo, nem negativo, mas natural? Ser feliz, independentemente do que nos rodeia? Não ter medo da morte, porque o que se perde é a matéria, mas a mente, sendo uma projecção extracorporal, nunca acaba? Epa... quem me dera conseguir aplicar estes conhecimentos, acho que era muito mais feliz. Ou livre. Ou ambas.
E porquê toda esta torrente de pensamentos negativos? Porque imagino tanta coisa na minha cabeça e tenho medo de tomar atitudes porque sou pouco aventureira e pouco (auto)confiante e acho que tudo vai correr mal. E depois, resolvo tomar atitudes e deixar de pensar negativo e o que acontece? As coisas correm mal. Acho que ponnho sempre demasiada esperança e expectativa em tudo e depois acabo desiludida. Comigo, com os outros, com o mundo. E acabo sempre por pensar que a culpa é minha. Por não ser boa o suficiente para que outros reparem em mim ou se interessem por mim ou que fiquem comigo.
(imagem daqui: Tumblr)
Estive aqui em modo depressivo hoje. Acho que se está a tornar um padrão. Sempre que tenho mais tempo livre, gasto-o a deprimir e a pensar no que não tenho e no que me falta. Acho que, finalmente, percebi: não sou capaz de ser feliz sozinha. Isto é, a minha felicidade depende sempre de alguém. De alguém querer estar comigo, de alguém gostar de mim. Preciso de sentir que sou desejada, que sou amada, que há alguém que tem interesse em mim ou em estar comigo. E depois, quando me vejo sozinha, com todo este tempo nas mãos e sem nada para fazer, sem ninguém com quem estar, para além do meu sofá e das minhas séries, deprimo. Também não era para menos, certo?
Há uns Natais atrás, o meu irmão ofereceu-me um livro "Poder, Liberdade e Graça" do Deepak Chopra. Na altura, não achei piada nenhuma porque é uma espécie de livro de auto-ajuda. Sinceramente, já o tentei ler por duas vezes, sem grande sucesso.. Aborrece-me a conversa que me soa a fiada, os generalismos, a psicoanálise... Mas lembro-me de uma parte que li e me ficou na memória. O livro diz:
Não sei se acredito nisto tudo, mas se o fizesse sei que estaria melhor. Se deixasse de fazer depender a minha felicidade dos outros, certamente seria mais feliz, para além de que, claramente, não tinha tantas decepções.
Be thankful
Go outside today
Há uma característica minha que gosto particularmente e que já não a encontro em muitas pessoas. Falo da capacidade de encontrar beleza nas pequenas coisas, de continuar a sorrir com os pormenores, de adorar as coisas simples. Olhar a lua continua a deslumbrar-me. Um pequeno recado num post-it delicia-me. Adoro desenhos rascunhados ao som dos pensamentos nos cantos das folhas. O falar com o olhar e o sorriso do mesmo olhar. Adoro uma flor sozinha e o cheiro de um livro. A primeira colherada de um gelado. E o riso que não dá para calar. E às vezes, quando estou em casa, sinto imensa vontade de sair à rua e sorrir a cada passo. Mas ainda estou muito presa à necessidade de companhia. Nestas férias de verão, encontrava-se no mesmo local que eu uma senhora que, sendo divorciada há mais de 20 anos, passa férias sozinha, vai para todo o lado sozinha e não se importa. Apesar de admirar a coragem desta senhora, eu seria incapaz de o fazer. Aventurar-me mundo fora, sozinha. E sempre. Porque apesar de não achar melhor ficar fechada em casa a lamentar a (má) sorte, ser capaz de estar disposta a viagem continuadamente sozinha é, de certa forma, aceitar. É aceitar e é acomodar-se. E isso para mim é tão difícil. Porque não posso aceitar uma situação em que não estou totalmente confortável.
Mas passando isso, vou começar a não me importar de estar sozinha, de sair por aí sozinha. Não aceitando nem me acomodando, mas pelo menos a não ficar em casa fechada, apenas por falta de companhia. Não é justo para os outros mas mais, não é justo para mim! E foi nesse espírito que, no fim de semana passado, fui passar o fim de semana sozinha. Infelizmente, como já referi, passei alguma parte do fim de semana na choraminguisse, a sentir pena de mim mesma, mas fi-lo. Fui sozinha, saí para beber café à noite sozinha, fui até à praia, passeei, vi um pôr do sol magnífico (o último do verão), estive numa esplanada a ler...e apesar de me ter custado, achei que precisava. E que merecia.
Have faith
Say yes
Do your best
Eat chocolate
Play
Take a nap
Say "I love you"
Recycle
Laught at yourself
O ano devia começar em Setembro.
É o mês da mudança. É quando acaba o Verão e começa uma nova era, um pouco mais escura, mais chuvosa, menos alegre, talvez. Soa um pouco como a "início do fim". É, por outro lado, um novo recomeço, mais uma hipótese de mudar, o início de uma nova listagem, novos planos, novos processos. Uma mudança, como comecei por dizer.
Mas para se dar início a uma mudança, a um recomeço, algo precisa de terminar, de chegar ao fim.
Este fim de semana que passou chorei muito. Como já não fazia há bastante tempo. Acho que o meu corpo já não estava habituado a estas convulsões estranhas com que fico quando choro, mas os meus olhos sim. Sempre estiveram habituados a esta minha veia chorona. Alguém me disse há uns tempos que a capacidade de não chorar, quer aquando de um conflito, confronto, desilusão ou tristeza profunda, é uma questão de treino, de hábito. Ainda não percebi como iniciar este treino, mas hei-de lá chegar.
Como estava a dizer, chorei muito. Fui passar o fim de semana fora, sozinha, em retiro espiritual. Pensei muito. E chorei. Depois distraía-me com algo e estava bem até a torrente de pensamentos me invadir de novo e me fazer convulsar mais uma vez, só mais uma vez. E de onde veio esta choradeira toda? No final da semana passado, ele passou por aqui para vir buscar mais uma série de objectos que incrivelmente ainda pairavam por aqui e ao ver como estava bem, como estava mudado, como estava de bem com a vida, não pude deixar de pensar que, apesar de achar que era eu que o dirigia e o puxava para a frente, se calhar era eu que o arrastava para o fundo, que funcionava como uma âncora de tristeza e azar. E apesar de, racionalmente, saber que isso não é verdade (quanto muito era o contrário, ele sempre pessimista e eu a esforçar-me além das minhas forças para lhe proporcionar felicidade, muitas vezes em vão), continua a afectar-me imenso o facto de ter sido ele a desistir de mim. Ou seja, custa, para além do que consigo admitir, pelo menos sem chorar, custa tanto saber que eu não fui o suficiente para ele, quando tantas vezes ouvi o contrário. Custa tanto, sim, ainda custa, saber que não valia para ele o suficiente para lutar por mim. Custa tanto, todos os dias, saber que só eu é que acreditava que era para sempre e o dizia, acreditando nas palavras. E saber que ele agora tem uma outra pessoa, custa igualmente. Saber que há alguém ao seu lado, a quem conta o que pensa, o que quer... (pronto, já estou a choramingar outra vez)
E não consigo evitar que tudo isto me corrompa o coração e que corroa a vontade e me rouba a auto-estima e faz com que não acredite e que faz com que tenha medo de não voltar a conseguir ser feliz.
E no meio de toda esta insanidade ainda lhe deixei um recado, disfarçado sob a forma de música:
As he begins to raise his voice,
You lower yours and grant him one last choice.
"Drive until you lose the road,
Or break with the ones you've followed."
He will do one of two things.
He will admit to everything,
Or he'll say he's just not the same,
And you'll begin to wonder why you came.
Porque o fiz? Não sei. Sou doida, talvez. Insanidade temporária, pelo menos. E comecei a achar que talvez ainda gostasse dele. E agora não sei. Mas acho que não o ia aceitar de volta. Porque o faria? Para desistir de mim, novamente? Para que atirar ainda mais para o fundo? Mas, por outro lado, penso que, muito provavelmente, ele também já não me queria de volta. Porque havia de querer? Não está sozinho, na tua tristeza, como eu... enfim.
E então sim, a luz da mudança. Sendo uma list-maker-profissional, resolvi fazer uma lista. Porque é Setembro, mês da mudança e do renascimento, resolvi rabiscar tudo aquilo que está mal na minha vida e o que posso fazer para o mudar. Vamos lá ver se isto não é apenas lírica barata e se consigo, finalmente e de uma vez por todas, mudar a minha vida.
Ontem fiquei a saber que o meu ex-namorado tem uma namorada.
E doeu tanto. Eu sei que é normal haver restícios de sentimento e ciúmes, mas o que eu senti foi traição, foi uma facada, foi um desconsolo enorme. Como se só agora tivesse percebido que acabou. Uma sensação de abandono e de traição, uma sensação de injustiça. Soube que estava com ela no concerto, que já a apresentou aos amigos (que eram nossos amigos) e provavelmente à família. Já a trouxe de volta a casa. E senti-me tão mal, tão pequena, tão insignificante e dispensável. Senti-me como se eu não interessasse. E nem foi ele que foi capaz de me dizer. Seria menos duro? Mais duro ouvi-lo dizer? Só sei que foi horrível. E de vez em quando, a meio do concerto, dava por mim a pensar nele e como ele estaria com ela nos braços a cantar as músicas que adorávamos ouvir juntos.
E no regresso a casa tive um enorme ataque de choro. E quando cheguei a casa, sozinha, o mesmo. E cada vez que acordei durante a noite. E hoje de manhã, no trabalho. E cada vez que via ou ouvia algo que me fazia lembrar dele. Fui almoçar aos meus pais e tive que me vir embora rápido porque a vontade de chorar não me largava e se chorasse lá, era toda uma série de preocupações. E chorei enquanto ouvia música no rádio a caminho de casa. E enquanto lavava o carro do pó do Meco. E mal entrei em casa. E agora.
Não sei se isto é normal. Já passou um ano. Não sinto a falta dele, não sinto saudades dele, estou muito zangada ainda. Mas agora sei que o perdi de vez. Será por isso? Que já há alguém a ocupar o meu lugar? Será por isso que choro? Porque me sinto ameaçada? Porque até há muito pouco tempo, ele confessou a uma amiga nossa comum que queria falar comigo porque não conseguia deixar de pensar em mim. E eu não quis. Será que bastou isso para fechar a porta? A minha porta, para logo se abrir outra? Assim tão importante que já a traz a casa?
Estou tão magoada. E não sei porquê? Será que não eram apenas resquícios de sentimentos mas todo o sentimento ainda estava aqui, mas camuflado? Será que só estava à espera de um "grand gesture" que nunca aparaceu, que nunca se concretizou, por ele ser um desistente, por nunca lutar por nada, por mim?
Ainda ontem falava com a minha amiga sobre isto. Estou imensamente zangada com ele, mas também comigo. E estou porque quando tive que abdicar de alguma coisa na minha vida, abdiquei de tudo por ele e quando foi a vez dele, ele abdicou de mim pela sua vida.
E agora estou para aqui a sofrer, a chorar, com o coração pisado e esmagado e partido em mil bocadinhos. E choro.
Já não chorava há muito tempo. Já não escrevia há muito tempo.
Passo os dias a tentar ocupar as horas com coisas para não ter que pensar, para não ter que sentir.Vejo séries e sinto o que as personagens sentem, para não ouvir o meu coração, para não ocupar a minha mente. Vivo as suas histórias, para não sentir falta de ter uma só minha.
Devia fazer um plano, decidir o que quero ou o que quero fazer mas nunca fui capaz. Não sei o que quero, não sei do que gosto, não tenho hobbies nem talentos especiais. Isto é o que sinto nos dias maus. E hoje é um dia mau. E portanto já chorei. Já chorei de raiva, de desilusão, de auto-pena. Já chorei por não me quererem e por não querer ninguém. Quero estar sozinha, não me apetece ver ninguém, mas não queria estar só. Estou mesmo triste hoje, mesmo em baixo.Sinto falta dele e irrita-me porque sei que já não deve sentir a minha falta. E choro porque deixei de querer saber se está bem. E choro porque estou sozinha. E choro porque é sempre a mesma coisa.
Hoje estou um bocado zangada. Comigo, com o mundo, comigo...
Vivo em função dos outros e isso irrita-me e só pode magoar-me.
Com tanta gente em Lisboa ontem à noite, com as ruelas e os becos a abarrotar durante toda a noite, logo tinha que ter um encontro...ou melhor, uma visão. Dele, com companhia feminina. E deixa-me magoada ele já ter avançado e eu não. E já chorei ontem. E já chorei hoje. E queria que a minha vida me desse mais alegria. Queria estar feliz com o que tenho. Mas ainda não tenho esse potencial, essa clarividência. Porque vejo as outras pessoas com tudo o que quero e não tenho. E não é que não desse valor ao que tinha, quando o tinha. Se calhar o problema foi mesmo dar valor de mais, sem receber. E o mundo vai andando, a vida vai acontecendo, o tempo vai passando e eu não consigo traçar objectivos como devia fazer porque...não gosto de mim o suficiente?