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Ontem estava a fazer contas de cabeça. Fez ontem exactamente um ano em que fui sair com três grandes amigas para uma discoteca e foi a maior loucura. Nessa noite prometemos que o iríamos fazer mais vezes. Não só não o voltámos a fazer como agora, um ano volvido, praticamente não falamos umas com as outras. A ampulheta do tempo mexe, a vida continua, as pessoas mudam, assim como os seus interesses, vivências e vontades. Já praticamente não falamos umas com as outras, mas o mais triste de tudo é que isso não me deixa triste.
Há amigos que são para sempre, mas a maioria das pessoas que, em determinada altura passa pela nossa vida, por muita amizade que se partilhe, não ficam de vez. Aliás, com o passar do tempo, cada vez me apercebo mais que quase ninguém é para sempre.
O que importa é haver renovação. Uns saem para dar lugar a outros. O nosso coração não é infinito, nem a nossa memória, nem o nosso tempo. E como a amizade é feita de memórias, tempo e sentimentos, há alguns amigos que vão sendo deixados para trás pelo processo natural de selecção.
Desde esse dia, há um ano atrás, muita coisa mudou na vida destas quatro (em tempos) grandes amigas. Mas foi a minha vida a que menos mudou. Eu bem sei que sempre disse que não gosto de mudanças, mas oh Vida!! Vá lá, já estava na altura. Eu sei que as mudanças deviam ser iniciadas por mim mas não era tão mais fácil se houvesse uma ajudinha por parte de alguém?
Este ano preciso mesmo de mudar, de uma maneira ou de outra.
Uma mudança já houve. E chama-se Fred.
Eu sou aquele tipo de pessoa que é de ideias fixas.
E com isto quero dizer que quando uma ideia me passa pela cabeça, é como se lá se fixasse. Muitas vezes sei que não são boas ideias (sim, eu consigo ter essa percepção) mas isso muitas vezes não me impede de levar essas ideias a termo. Se a bom termo, se a mau, muitas vezes só quando concretizada a ideia e quando já não há volta a dar é que percebo.
Neste preciso momento, estou com uma ideia fixada na cabeça. Surgiu-me por nenhuma razão em particular e começou a desenvolver-se, a alimentar-se de esperança, de solidão, de dor e está a crescer de forma assustadora na minha mente. Esta ideia sei que é uma MÁ ideia, sei mesmo e estou a tentar ao máximo afastar-me dela. Mas mesmo agora, ao escrever este post, com o objectivo de despejar aqui a frustração e a vontade que sinto em escrever, mesmo assim dou por mim a parar de escrever e a pensar o que vou escrever à pessoa com quem me apetece falar. Mas porque é que esta ideia não me abandona? Porque é que não a consigo afastar? Que raiva...estou a lutar contra ela. Mas está dentro de mim, faz parte de mim, já criou raízes e não se irá embora tão cedo...
Resumindo, apetece-me falar com uma pessoa do passado. Mas sei que não devia. Porque, para começar, sei que essa pessoa não me vai responder ou, pelo menos, não me vai responder da forma que eu gostava. E depois, se não responder, vou-me sentir estúpida por voltar a tentar, por voltar a falar com ele. Quando ele nunca fala comigo, sem ser a responder. (sinto a ideia a abandonar-me, isto está a resultar!) Depois, o que me interessa andar para trás? Aconteceu, aconteceu, parou de acontecer, correu mal. E independentemente da culpa ser minha ou dele, sinto que sempre tentei mais. E não devia ser assim. Sinto-me fraca. Sinto-me desprovida de força, de vida. E não é por o querer de novo na minha vida. É porque era mais fácil voltar a ter alguém conhecido do que ter que conhecer alguém novo. Quão ridículo é isto? Gostava de ser mais forte. Mais decidida. Mas sinto-me sozinha. E a solidão aumenta as sombras e o medo escondido nas mesmas. Tenho medo do ridículo de tentar mas ainda mais do frio que a solidão me traz.
Já decidi. Não vou dizer nada. Não quero quem não me quer a mim.
Hoje tomei uma decisão.
Não pude pensar muito nela, porque estava continuadamente a adiá-la. Porque estive a arranjar desculpas. Porque tive quase a desistir.
Precisava de um hobbie. De algo que me impedisse que o meu percurso diário fosse apenas trabalho-casa e casa-trabalho.
(o que eu precisava realmente era de me inscrever num ginásio, mas sozinha nem vale a pena, porque sem a obrigação de ir por combinação com outra pessoa, o mais certo era nunca lá pôr os pés e entre os pesos e a bicicleta cá de casa, vou-me safando)
Então decidi inscrever-me num curso de línguas, inglês, mais propriamente dito.
Preciso de desenferrujar, aumentar o vocabulário e treinar o inglês oral, que tanto jeito dá para as viagens por este mundo fora. E preciso de conhecer pessoas novas para sair deste leque limitado de opções, que é como quem diz, pessoas, em que me encontro.
Todos os astros estavam alinhados, mas ainda assim comecei a duvidar.
a) Saí mais cedo hoje
b) Parou de chover exactamente no momento em que saí de casa
c) Quando cheguei lá, estava uma senhora a entrar e segurou-me a porta
d) Pude logo nesse momento fazer o teste de diagnóstico de nível de conhecimento
e) Apesar de a promoção das inscrições já ter terminado na semana passada, a senhora foi simpática e fez-me o desconto na mesma.