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Ontem fiquei a saber que o meu ex-namorado tem uma namorada.
E doeu tanto. Eu sei que é normal haver restícios de sentimento e ciúmes, mas o que eu senti foi traição, foi uma facada, foi um desconsolo enorme. Como se só agora tivesse percebido que acabou. Uma sensação de abandono e de traição, uma sensação de injustiça. Soube que estava com ela no concerto, que já a apresentou aos amigos (que eram nossos amigos) e provavelmente à família. Já a trouxe de volta a casa. E senti-me tão mal, tão pequena, tão insignificante e dispensável. Senti-me como se eu não interessasse. E nem foi ele que foi capaz de me dizer. Seria menos duro? Mais duro ouvi-lo dizer? Só sei que foi horrível. E de vez em quando, a meio do concerto, dava por mim a pensar nele e como ele estaria com ela nos braços a cantar as músicas que adorávamos ouvir juntos.
E no regresso a casa tive um enorme ataque de choro. E quando cheguei a casa, sozinha, o mesmo. E cada vez que acordei durante a noite. E hoje de manhã, no trabalho. E cada vez que via ou ouvia algo que me fazia lembrar dele. Fui almoçar aos meus pais e tive que me vir embora rápido porque a vontade de chorar não me largava e se chorasse lá, era toda uma série de preocupações. E chorei enquanto ouvia música no rádio a caminho de casa. E enquanto lavava o carro do pó do Meco. E mal entrei em casa. E agora.
Não sei se isto é normal. Já passou um ano. Não sinto a falta dele, não sinto saudades dele, estou muito zangada ainda. Mas agora sei que o perdi de vez. Será por isso? Que já há alguém a ocupar o meu lugar? Será por isso que choro? Porque me sinto ameaçada? Porque até há muito pouco tempo, ele confessou a uma amiga nossa comum que queria falar comigo porque não conseguia deixar de pensar em mim. E eu não quis. Será que bastou isso para fechar a porta? A minha porta, para logo se abrir outra? Assim tão importante que já a traz a casa?
Estou tão magoada. E não sei porquê? Será que não eram apenas resquícios de sentimentos mas todo o sentimento ainda estava aqui, mas camuflado? Será que só estava à espera de um "grand gesture" que nunca aparaceu, que nunca se concretizou, por ele ser um desistente, por nunca lutar por nada, por mim?
Ainda ontem falava com a minha amiga sobre isto. Estou imensamente zangada com ele, mas também comigo. E estou porque quando tive que abdicar de alguma coisa na minha vida, abdiquei de tudo por ele e quando foi a vez dele, ele abdicou de mim pela sua vida.
E agora estou para aqui a sofrer, a chorar, com o coração pisado e esmagado e partido em mil bocadinhos. E choro.
Aqui há uns tempos, fiz um quizz com umas amigas. Cada uma fazia uma série de perguntas e todas respondíamos e comparávamos respostas. Foi, para nós, uma forma de nos (re)conhecermos ao final de tantos anos de amizade. Houve respostas surpreendentes e outras já esperadas.
Uma das perguntas pedia que disséssemos qual era, para cada uma de nós, o pior sentimento do mundo. E para mim é o arrependimento.
Odeio arrepender-me e, incrivelmente ou talvez não, sinto arrependimento on a daily basis... Sou pouco corajosa e pouco activo e arrependo-me de não fazer. Sou nervosa e stressada e arrependo-me do que digo. Sou envergonhada e arrependo-me do que não digo. Não actuo sem pensar e arrependo-me de não agir no momento certo. Sinto-me sozinha e arrependo-me de ter feito mais amigos. Olho para trás e arrependo-me de não ter vivido mais, de não estar a viver mais. Olho para as minhas unhas e arrependo-me de as ter roído. Olho para o pneu que teima em não sair e arrependo-me de ter comido mais uma fatia de bolo. Não consigo viver em modo carpe diem, porque vejo arrependimento a toda a volta.