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Obrigada pelo desafio, Bruna :)
Adoro escrever e não digo que não a este tipo de desafios.
"Estou sentada aqui sozinha. Sinto areia nos meus pés. Ou os pés na areia? Que diferença faz? Fazem-me comichão, mas num bom sentido. Olho para os meus pés, para as minhas pernas branquinhas ainda. Para não me deixar afundar em pensamentos supérfluos, desvio o olhar para o mar. Há quem diga que o mar acalma. Que o simples olhar para o correr das ondas, com o seu som característico, calmo e relaxante, a sua frescura com a maresia que nos salpica o rosto, que acalma. O mar a mim não me acalma. Gosto de olhar para ele, mas não me acalma. Antes, estimula o meu pensamento, a minha mente, o poder de reflexão. Ao olhar para as ondas, que rebentam à minha frente, penso. Penso na maresia que destrói os meus caracóis. Penso no frio que sinto quando o poder da frescura do mar supera o aquecimento fornecido pelo sol na minha pele. Penso em tempos passados quando era feliz. Penso na sorte de quem passa, ou sozinho (e a capacidade que têm de estar bem, mesmo estando sozinhos) ou acompanhado com amigas (e a capacidade que possam ter de não se importarem com o corpo ou com o que os outros possam pensar acerca dos seus corpos. Afinal, nem todos podemos ser super-modelos...) ou de mãos dadas com aquele alguém especial (e a sorte que têm em ter alguém que mantenha a sua mão na deles, que não a largue nunca). Olho em volta e consigo sentir o calor que emana da felicidade alheia.
E é entre a frescura do mar, a textura da areia, o calor do sol e a felicidade alheia, que consigo sorrir.
Levanto-me e vou viver a vida."
Hoje sonhei com ele.
Sonhei com a indecisão, com o medo, com o nunca saber ao certo, com aquela dúvida sempre presente.
Sonhei com o receio de não ser o suficiente, de ter que me desdobrar em duas, três ou quatro, para suprir todas as necessidades, mesmo aquelas que ele nunca soube.
Sonhei com o medo de não ser o suficiente. Outra vez. E outra. E outra.
Sonhei com o nervoso miudinho, aquele que depois de se enraizar não passa nunca. Nem depois de mais um dia. Nem depois de dormir. Nem depois de um beijo e de um "está tudo bem", nem depois de um "gosto de ti".
Sonhei com ele, outra vez.
Sonhei com a necessidade que sempre tive de agradar, de o agradar.
Sonhei com o medo presente na minha vida. Com o medo de perder, com o medo de não me querer, com o medo de não me verem como uma pessoa necessária, importante, querida ou desejável.
Sonhei com ele.
E acordei ansiosa e triste. Quando deixarei de me sentir assim?
Avaliação do IMDB:
7,9/10